Preciso acreditar


Ando meio desiludida
com minha emoção
entorpecida,
o coração acabrunhado,
o pensamento tumultuado.

Sinto agora coisas
nunca antes sentidas,
um quê de desconfiança
do que outrora era só certeza.

Hoje alguns olhares
já me incomodam,
percebo algo que sempre me fora
imperceptível,
acho que perdi a ingenuidade
de uma vida inteira,
ou será minha fé
que anda enfraquecida?

Só sei que ando assim
meio tristinha,
às vezes me sinto abandonada,
como se caminhasse sozinha,
e sei que não estou só.

A gente vai fazendo
um balanço da vida,
e não é muito bom sentir-se
traída
nas relações de afeto.
Enquanto tudo era visto
por um prisma
colorido,
era tudo mais bonito
e eu não sentia
sobre mim nenhum frio olhar.

Qual o preço a pagar
por ser inteira ,
verdadeira,
e fazer de sua verdade
um caminho a percorrer?

Acho que o valor é sempre alto.
A desilusão deixa marcas
que corrompem as relações,
que transforma num fardo
o que era nuvem de algodão.

Nesse meu momento nostálgico,
eu faço as perguntas
e me atrevo numa resposta:
Cada vez mais quero ser
cristalina,
amiga, amante, mulher.
Preciso acreditar
que o que vale
é o que se quer
com a alma,
que não se pode fazer
da existência
um amálgama de descrença,
rancores e traições.

Preciso acreditar
mais ainda
que o meu jeito de menina
pode coexistir com o real,
mesmo que o feio faça parte,
pois nem tudo nesta vida
é arte,
e a gente vai aprendendo
a cada dia sorrir,
mesmo não recebendo
um sorriso de volta,
sem permitir que a revolta
ocupe o lugar das
flores da primavera.

amarilia
Enviado por amarilia em 24/05/2009
Reeditado em 24/05/2009
Código do texto: T1612134