Memória visual

Eu vejo a dor nesses teus olhos todo dia

Que tu disfarças de loucura, de alegria,

Que tu disfarças de não saber disfarçar

E a recôndita e sensível ventania

Que tu escondes na tua mente fugidia

Espalha o pólen da tristeza pelo ar

Que os teus olhos, duas redondas luas sãs

Se hão eclipsado sob as nuvens das manhãs

Quando acordas sem ao menos ter dormido

E nesses olhos da doçura de avelãs

E da sensualidade de maçãs

Há o amargo gosto de quem tem sofrido

São dois espelhos esses olhos mendicantes

Que me refletem, inidentificável, antes

Que eu possa evitar ser refletido

E a brisa outonal e abrasante

Desprende do teu olhar tonto de amante

E me infla e me preenche de sentido

Joao L Terrezo
Enviado por Joao L Terrezo em 24/05/2009
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