Memória visual
Eu vejo a dor nesses teus olhos todo dia
Que tu disfarças de loucura, de alegria,
Que tu disfarças de não saber disfarçar
E a recôndita e sensível ventania
Que tu escondes na tua mente fugidia
Espalha o pólen da tristeza pelo ar
Que os teus olhos, duas redondas luas sãs
Se hão eclipsado sob as nuvens das manhãs
Quando acordas sem ao menos ter dormido
E nesses olhos da doçura de avelãs
E da sensualidade de maçãs
Há o amargo gosto de quem tem sofrido
São dois espelhos esses olhos mendicantes
Que me refletem, inidentificável, antes
Que eu possa evitar ser refletido
E a brisa outonal e abrasante
Desprende do teu olhar tonto de amante
E me infla e me preenche de sentido