Sou tantos...

Há certas horas que não sou ninguém,

ninguém mora em mim

e sou quase tudo o que não quero ser.

Se desejo perder-me, acendo velas

e enxergo a escuridão do inusitado,

cedo à alma o direito de morrer

e deixo o meu corpo acordar-se.

Há pecados dentro de nós que são doces demais

e quando não nos levam, um outro traz

e meio aos desejos somos descobertos,

chorando alegres, fazendo festas, criando versos.

Desejo morrer escrevendo,

relembrando os amores beijados,

amando as crianças,

registrando o passado.

Um escritor é cada escritor que acha dentro da alma.

Há os que choram e os que cantam...

e os que nunca são por si achados.