Apologia do NÃO

Essa palavrinha tão pequenina
parece estar em extinção.
Em meio a tanta permissividade,
tantos problemas existenciais,
a omissão do compromisso,
do olhar vigilante,
do acompanhamento constante,
provocou uma barbárie nacional.
Pais que, em nome do sustento
da família,
permite que a filha
ainda menina
seja namorada, ficante,
baladeira.
Garotos ainda em tenra idade
já perambulam pelas cidades
a esmo
em más companhias.
A escola mostra o atraso,
a vilolência já tão evidente.
E nas reuniões pra entrega
dos resultados,
a maioria sempre ausente.
Onde começa o caos?
O sentimento de culpa
provoca apatia.
A autoridade inexiste.
Pai agora virou colega,
mãe?- a melhor amiga.
E aí o não foi sumindo
na exata medida da ausência
do afeto real.
Cadê a interdição?
O proibido?
A jovem quer ser debutante
de qualquer jeito.
O rapaz quer o celular mais caro
pra na turma ser aceito.
Todos querem ter direitos,
mas desconhecem os deveres.
E a ciranda prossegue
num tudo-pode revoltante.

Como os nãos que recebi
em minha infância querida
me fizeram bem!
Chegar tarde em casa? Não!
Tirar nota baixa na escola? Não!
ofender as pessoas? Não!
Brigar na rua? Não!
Deixar a cama desarrumada? Não!
Responder os pais? Não!!!!!!!!!
Nem pensar.
Quero fazer um protesto
em favor da volta do Não.
Quem pensar como eu
fomente essa campanha.
Defensores do NÂo, uni-vos!
A causa é mais do que justa.