PORTAS DE MAIO

"Maio, você está vendo, já vai indo... indo... logo virá a florada dos ipês (gosto das amareluras dos ipês), as chuvas de setembro já estão sendo gestadas, estão logo ali, além da montanha escura do inverno. Mas estão em estoque... você sabe! Ninguém perde senão o tempo que tem, e o tempo que se tem é o agora, o quando..."

Portas de maio que se fecham

sobre tudo que não floresceu

o verso engasgado ferindo a garganta

a frase incompleta reticente

a mão que se retraiu

a voz que calou suas flores

o riso encobrindo o medo

Portas de maio quem as fechou?

Fui eu foste tu, foi desencanto

foi o vento que sem querer

varreu os dias e os fez

cair celeremente qual castelos

de cartas, enquanto eu,

enquanto tu, éramos tragados

pela indecisão?

e este junho já se prenuncia

em gélidos horizontes

Será o derradeiro frio

matando a chama frágil

crestando a folhagem

cortando a passagem

para uma primavera ainda possível?

As chuvas de setembro ainda tardam,

e eu sinto somente o frio da alma

e temo a primavera que virá

após este inverno, pois se

sou planta a morrer

ainda em semente,

serei na estação florida

apenas secura e morte

sob linda árvore

de flores amarelas...

tania orsi vargas
Enviado por tania orsi vargas em 21/05/2009
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