Indiferença

Ontem estivemos juntos
e senti a ausência do riso,
que se foi um dia antes,
numa viagem talvez sem volta.

Também percebi a fuga
de nossos olhares,
que não mais se buscaram
brilhantes,
cobiçosos de carícias
sutis e atrevidas,
guiadas pelo coração.


Não.
Nada disso aconteceu
ontem à noite.
Senti a sua presença
como açoite,
cruel e dolorido,
de uma inclemência
ao que foi lindamente
vivido por nós dois.

Como assim,
essa indiferença repentina?
como pode um grande amor
se tornar insosso
sem aviso prévio?
Prefiro as palavras
fortes, pesadas
a ter sua boca calada,
fechada às palavras e aos beijos.
Ah, e que beijos, meu Deus!
quando me sentia levitar
de prazer,
e que ninguém ,
além de nós,
precisava entender
o êxtase.
Agora
só o silêncio
cortante
anuncia o fim,
somos nada um para o outro,
ou talvez um amontoado
de lembranças
que serão desfeitas pelo tempo.

A indiferença dói mais
do que faca amolada
rasgando a pele,
pois ela repele
apenas
um dos amantes,
até que o outro
também entenda sua frieza
e beba do mesmo copo.
amarilia
Enviado por amarilia em 20/05/2009
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