Lás
Lás
Gritei, assoprei o vento para longe de mim
Expulsei do meu ar todo o cheiro doce
Fiquei dura, retraí-me, senti o arrepio do frio.
A cor verde. O único. O absurdo
Vontade imensa de materializar sentimentos e sensações
Desejo ensurdecedor de misturar naturezas
Abstrações absurdas. Concretude falhada. Literatura crua. Arte longe
E a linguagem, transformada em expressão, junto ao meu pensamento embusteiro, vago, sórdido, sarcástico e muitas vezes, sádico.
Não, o mundo não girou. A próxima palavra a sair do varal é terra.
Sentir debaixo dos calcanhares a vida. Ombros leves, coração pesado, fios vermelhos perto dos olhos. Filosofia sóbria. Como poderia?
Deixar um livro ao lado do sono. Um sonho em cima da mesa. Pães, frutos, caixas de frutas sendo lavadas e toda vida decifrada.
Amor inexistente, paixão sendo criada. Racionalidade. Humanidade. Sabores ardidos, deliciosos. Tatear saudável, flores vermelhas, poema escrito. Poema?
Sente em mim tudo que eu penso. Pensar e Sentir sentir e pensar. Contemporaneidade vanguardista, clássicos, Vida.
557 páginas amarelas. Tecnologia preta. Mais um pano vermelho.
Som, ritmo jogado. Calor suado, laranja nas cores verdes.
Frio nos braços. Saudade. Gordura.
A vaca escorregou do barranco. Velocidade inocente, raiva ingênua.
Tranqüilidade alta. Medo da queda.
Ontem a grande árvore ainda estava lá. Misteriosa, eu parada, pescoço arcado, céu profundo, galhos altos, lendas, castelos.
Um tronco exageradamente grosso. Altura absurdamente alta, energia inigualável à de um Deus. Arvore encantada, deu-me encanto, saúde, paz, respeito e essência suficiente para encostar hoje o grafite no liso e sentir e sem força pensar.
Obrigada