Um Barquinho de Papel

©Soaroir de Campos

17/5/09

Um soneto se faz com (uma) estética

mas ( uma) estética não faz um soneto.

Portanto – isso não é um soneto. Aliás

isso nem é um poema –

é só "um barquinho de papel".

Vou saindo porta afora para navegar mar adentro

Vou me ajuntar às gaivotas que do alto miram a fartura

Mergulham no objetivo certo sem qualquer aborrecimento

Salário ou imposto, cartão de crédito ou fatura.

Vou logo antes que me arrependa de deixar essa leseira

Todo dia no mercado, mesmo com todo o acirramento

Sendo cobaia de experimentos de enlatados e de alheiras

Que os interessados simulam que são mega alimentos.

Se meu barquinho de papel resistir a tentação

E dessa navegação eu conseguir voltar ilesa

Definitivamente troco essa minha ocupação.

De vez deixo de ser poeta, arranjo outra alimentação

Plantarei as minhas favas em mais distinta freguesia

Com férteis terras para mais saudável plantação.

(Para "Academia Feminina Espirito-santense de Letras"