NA SELVA
O metrô corre sisudo sobre trilhos
Saliente, voa um passarinho
a multidão sobe robótica uma escada rolante
a revoada desce num balé rasante
há pressa nos passos que afundam nas poças
a chuva abaixa a poeira da roça
gente que não acaba, anônima se mistura na rua
gente caminha na estrada, uma figura nua
carro, ruído, pessoas disputam ferozes o mesmo espaço
um carro de boi redunda o seu mesmo passo
o sol castiga, o caos tripudia, a poluição é daninha
o sol é um brilho no final do caminho
trabalhadores suam, se movimentam, abrem buracos, sobem e descem
adobes constroem um país que cresce
eu divirto minha alma assistindo ficção no cinema
um condor solta uma galinha no ar...perdida a cena
cai cinza e frio o solitário céu de outono na minha selva de ruas
morno, vai caindo o sol no horizonte da sua
único elemento compartilhado: a lua