Bona fides

A fonte do teu ser está represada

Nos desejos não manifestados

Disfarçados no apelo do sentimento

Que te atormentam em temporais de ilusões.

Alusões ao seu prazer momentâneo

Estampado no semblante de sua alma.

Efêmera centelha acinzentada

Que ofusca o espírito acorrentado

Aos elos de sabores estagnados

Na sede dos prazeres ocultos.

E você que se passou por santo

Aos poucos vai perdendo o encanto

No degrado dos amores conquistados.

Os seus olhos nublados se lançam

Nos pés que o solo alcançam

Para o submundo da glória, em desatino

Transformando a face de menino

Em fronteiras intransponíveis da verdade.

E pelo desprezo à alma esquecida

Um alto preço se paga pela vida.

Até ver seus tesouros naufragados

Num oceano de eterno esquecimento!