Torturado
Quero de ti arrancar-lhe a alma.
Não de violência, mas de súbito prazer.
Lamber teu ser.
Queria de ti teu corpo e teu suor.
Pois tens o corpo que desejo e como,
o suor que bebo e me lambuzo.
Queria de ti abarrotar-lhe de gozo...
E de choros e toadas
mostrar-lhe a música mais bela...
Cela, pecado, fado, coração desesperado.
Queria de ti o teu abraço!
E de dentes, pedras e serpentes
deixar-lhe a ver o universo.
Meu verso, simples ao querer-te bem.
Bem aqui onde nada mais é pecado,
tudo faz-se estrelas...
Toda cor se faz anseio,
todo o infinito espaço faz-se pranto.
E canto, cada instante ao seu lado.
Queria de ti o teu estado, teu nome...
Pois é só o momento a retorcer-me,
e em mim apenas tenho agora ti... meu homem.