Reflexão dos Eus
Estou passando por uma transição, em minha vida...
Mas, nada que não seja passageira, tal qual a brida.
Talvez essa renovação seja
Para o meu crescimento — mesmo lento...
Pois, se algo tem que mudar, neste momento,
Que mude agora sobre a bandeja.
Será que já não estou nesse turbilhão de idéias?...
Planos que, “a própria razão desconhece”, aliás,
Razão que desconhece o meu próprio jeito de ser;
Meu próprio jeito de chorar, de cantar, de sofrer...
De sorrir, de amar..... Ah! Amar...
Como amo amar e sentir o que sucinto...
Quem sou e quem serei amanhã nesse recinto
Quando a noite chegar? E quem fui outrora?...
Para nunca mais errar por toda vida a fora.
Se ao menos soubesse quem fui...
Talvez soubesse como corrigir
Todos os erros de ontem que aqui
Combati, na ilusão de poder fulgir...
— Os enganos e os erros que cometeste outrora...
Levá-lo-iam para esclarecimentos, mas, que agora
Reviverias tristes lembranças!...
Lembranças que, talvez, tivesses ao longo
De todos esses anos que viveste no tombo;
Não terias nenhuma esperança.
Estou em constante transformação...
O universo rege toda a natureza,
Com todo amor e dor na carnação;
E não lamento sentir essa dureza!...
— A dor é simplesmente uma porta entreaberta...
Para saberes que existem outros mundos em alerta,
Outros caminhos a percorrer...
E se quiseres atravessá-la... Verás que tudo isso
Não é nada mais e nada além que um só paraíso...
E que é aqui mesmo onde estás a correr!
Mas..., onde estou?...
— Estás solto pelo ar...
Num ar a bailar sem cessar!
— Tens medo do teu próprio ser?...
De tornar-te um ser abstrato...
Confuso em tua inspiração de poder
Imaginar o inimaginável substrato?
Sim, crio ao meu redor uma redoma de incerteza e de dor...
Uma dor cruel que invade o coração — por sentir o pudor
Que vivencio na dor dess’agonia — que eu mesmo nem sei!...
Nem sei por quê!
Paulo Costa
Setembro de 2007.