Aquarius

Não há nada de errado

Não há nada de exato

Só as horas passando pelos dias que não fui...

Só o tempo matando o cansaço de não ter...

Só o vento voando o corpo que senti

Só a falta doendo pelo que eu não quis ver.

As perguntas sempre consomem o que não produzo

A posse sempre rói o que eu amo

O medieval sempre toca meu gesto pós-moderno

Minhas meninas sempre se omitem na presença do meu homem

Meu paraíso é sempre no meu inferno...

... Ninguem diz nada enquanto imploro socorro...

... Ninguem moraliza meu mais insano grito...

... Ninguem estende a mão quando caio dentro de mim...

Todos sorriem quando eu não me divirto

E eu...

Morrendo...

Hoje,

Somente mulher

Número-ingrato

Deixo o homem que não tive

Deixo o gesto que mantive

Deixo a farsa que me cobria

Morro

Na desgraça que degusto.

Lívia Noronha

Belém, 18 de maio de 2009

Lívia Noronha
Enviado por Lívia Noronha em 18/05/2009
Código do texto: T1601248
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