AOS TRANCOS E BARRANCOS
NALDOVELHO
Minha poesia não é flor que se cheire,
tão pouco mel a adocicar suas vidas,
é erva ardida, espinho, arrepio,
tapeçaria desfeita, embaraçados os fios,
caminho escorregadio entre a rua e o meio-fio,
noite de lua inquieta, cidade tão fria e deserta,
janelas abertas, paixão, carinho, ternura,
e ao mesmo tempo tormenta,
embarcação à deriva, loucura.
Minha poesia é mistura de veneno e orvalho,
madrugadas trilhadas entre o pesadelo e o sonho,
é estação que anuncia sinal de partida,
abraço apertado, esperança, chegada,
é terra molhada das margens de um rio,
magia, feitiço, labirinto, pecado,
licença divina para cometer sacrilégios,
filha prematura entre o tempo e o verbo.
Minha poesia é maldição que carrego,
crença que tenho nas verdades que eu temo,
templo construído na beira do abismo,
sangue poluído, entupidas as veias,
cicatrizes que doem toda vez que me lembro.
Portanto não peçam poemas mansos,
só sei caminhar aos trancos e barrancos.
NALDOVELHO
Minha poesia não é flor que se cheire,
tão pouco mel a adocicar suas vidas,
é erva ardida, espinho, arrepio,
tapeçaria desfeita, embaraçados os fios,
caminho escorregadio entre a rua e o meio-fio,
noite de lua inquieta, cidade tão fria e deserta,
janelas abertas, paixão, carinho, ternura,
e ao mesmo tempo tormenta,
embarcação à deriva, loucura.
Minha poesia é mistura de veneno e orvalho,
madrugadas trilhadas entre o pesadelo e o sonho,
é estação que anuncia sinal de partida,
abraço apertado, esperança, chegada,
é terra molhada das margens de um rio,
magia, feitiço, labirinto, pecado,
licença divina para cometer sacrilégios,
filha prematura entre o tempo e o verbo.
Minha poesia é maldição que carrego,
crença que tenho nas verdades que eu temo,
templo construído na beira do abismo,
sangue poluído, entupidas as veias,
cicatrizes que doem toda vez que me lembro.
Portanto não peçam poemas mansos,
só sei caminhar aos trancos e barrancos.