VIVA OS LOUCOS

Viva os loucos, paranóicos

Com a cabeça na lua

São lunáticos e sonham

Que são senhores da rua

Realizam fantasias

Nas sarjetas, viadutos

Esbanjam alegorias

Com a cabeça nas nuvens

Presas à guilhotina

exposta ao sol do Saara

Ou da sanha nordestina

As suas carnes assando

Pela insistência sovina

Dos autômatos de ternos

Que avançam em surdina.

Viva os loucos que imaginam

Ter corência e razão

Brincam com o próprio gozo

Não têm mulher, nem tesão

Nem chicote nem pelourinho

Não têm senhor, nem patrão.

No fim da jornada

A noite é mesmo que o dia

Nem almoçar nem jantar

Dia em marasmo, noite fria

A neblina é o acalanto

A cidade os policia.

Viva os loucos que não sabem

Quem é bom, quem é pior

Se viver no viaduto

Ou se morar num mocó

Se lá num flette de luxo

A vida é um torpor.

JOEL DE SÁ

18/05/2009.