Guilhotina
" Quem busca a eternidade, fala do que já não quer falar, pensa no que tem que esquecer, sentencia-se."
Edgar Ramirez
Não demore tanto que de mim tenho medo
Medo natural de que o encontro não se faça
Feneceu o sonho, destruindo a fosca vidraça
Queria que a dor fosse adiada ou viesse cedo
Sou um homem louco numa tempestade
Portando armas que não podem libertar
Um cigarro que não posso fumar
Uma parte sã, a outra, só a metade
Esse amor não verei em seu sorriso
Foi presunção achar que isso se daria
De seus lábios secos sai uma coisa fria
Queria uma chama, um beijo ou só um aviso
E é por isso, só por isso
Que estou em cada esquina, cada sopro, cada música
Cada corpo, cada urna, cada instinto, cada retórica
E o corte seco, fatal, impessoal, é por conta disso