Incêndio de poemas de amor

juntei todos os poemas de amor

num só volume

feito caderno ou livro

pendurei-o numa árvore

como se fosse numa forca

e os flechei sem dó

os poemas sangraram muito

esgoelaram por horas

os embebi então de gasolina e ateei fogo

não sobrou cinza

nem do livro nem de mim

somos agora a mesma matéria

poeira

por aí ao relento

ao vento