Mãe África

Parece que o mundo
agora
faz um tributo
à África.
Afinal
a grande potência
tem pela primeira vez
como presidente
um afro-descendente.

E assim como
um passe
de mágica,
o mundo elogia
Obama.
Sua fama
corre o planeta
e todos elogiam
o seu porte
elegante e negro.

E os mais arraigados
ao preconceito,
talvez
por despeito,
enfatizam
a mãe branca
genuinamente
americana,
e dela ressaltam
as qualidades
atribuídas ao filho
hoje ilustre.
Do pai africano
nenhuma herança?

Como é bom ver
um país inteiro
reverenciar um mestiço,
tentar curar
as feridas
de tantos séculos
de segregação
racial,
lembrar o que se tem
de igual
na raça humana
e esquecer as diferenças.


Aqui no Brasil
também
temos essa insensatez
do preconceito.
Ainda não admitimos
enquanto nação
o enorme legado
da mãe África.
Se somos uma síntese
de várias raças,
temos muito mais
do negro
escravizado
por infindáveis
décadas
do que podemos admitir
enquanto povo
impregnado
de conceitos adulterados.
Se do branco e do índio
tanto herdamos,
e disso devemos
nos orgulhar também,
é do negro
do continente do Saara,
dos elefantes,
dos leões
e de toda uma cultura
fascinante,
que vem nossa
marca maior
enquanto nação.

O que faz do brasileiro
um povo miscigenado,
hospitaleiro
e solidário,
capaz de suportar
os reveses
com determinação
e,
além de tudo,
guardar no coração
uma bondade
imensa
é,
na minha opinião,
a marca indelével
de nossa
afro-descendência.

Obama é lindo,
O negro é lindo
e essa nossa
mistura étnica
mais linda ainda.