Rosto em Prisma
Nas cores do sofá, o sobressalto.
No abrir e fechar de portas,
escoa-se sobre a parede
o rosto em prisma, num mundo preto e branco.
No primeiro dia do mês,
O vento move-se deixando tudo fora do lugar.
Balançando folhas em outubro,
Balançando o violino que transpira nos ombros do casaco verde.
Atrás a figura com alma de pássaro permanece imóvel.
Pelo retrovisor,
Longas botas, um guarda-chuva comum e um apressado passo.
Quero esquecer a casa de janelas de vidros,
onde os cachorros fazem festa
e há seres humanos desatentos.
2002