MARIA
Rodando suas bolsinhas, usando suas sainhas
E deixando à mostra suas calcinhas.
Lá vão as mulheres da vida, de todos
E de ninguém.
Deusas dos mal-amados, caminhoneiros
E soldados.
Além dos homens experientes e inocentes marinheiros
De primeira viagem.
Donas-de-casa de tolerância, realizadoras
De fantasias com o poder lhe concedido
No pecado original.
Expulsas de casa pela necessidade, são escravas
Brancas e pretas do prazer.
São exploradas por um rufião e invejadas
Por algumas moças de família que imitam
O seu estilo.
É chamada de puta, piranha, cadela e vadia.
Porém é a mais importante categoria e a mais
Antiga das profissões.
Maria Padilha, Madalena e da Conceição!
Seu nome é o que menos importa.
Sua casa é muito engraçada, é uma esquina,
Uma estação.
Rainha do baixo-meretrício, baixo-ventre
E baixo-calão.
De palavras dessa boca que não se beija,
Mas que muito se deseja em gemidos ou felação.
Eu quero ser o seu filho, seu papai e sua cigarrilha.
Seu shortinho de criança que já nasce com o seu cheiro.
Eu quero ser você sendo usada e estuprada
Sem sentir dor.
Sua bolsinha e navalha, sua conturbada relação
Com a lei.
Sua vagabunda, safada, filha de Deus e amante
De quem nunca pecou.
MAIS EM:
http://reinodalira.wordpress.com