OLHOS NEGROS
Não lembro o dia,
nem tampouco lembro o ano,
já faz muito que eu vi,
os olhos mais tristes do mundo
ao cruzarem com os meus,
suplicaram desejar,
que um poeta descrevesse,
a tristura desse olhar
na linguagem escrita,
sem distorcer sua expressão,
expressei sem exageros,
seu triste pedido então
era um pedido simples,
pessoal e apaixonado,
o guri dos olhos negros,
queria por mim ser amado
para falar ao guri,
triste e amargurado,
poetizei mais de mil linhas,
de nossos segredos guardados
falei-lhe um pouco de mim,
de meu solitário mundo,
de meus sonhos, de meus medos,
meus desejos mais profundos
disse-lhe que seus olhos negros,
quando depositados em mim,
estremeciam minha alma,
deixando-me frágil assim
foi o início de nossas obras,
nossos salmos,
nossos cânticos...
um passeio pelo espírito,
em versos latinos,
líricos, brancos...