OLHOS NEGROS

Não lembro o dia,

nem tampouco lembro o ano,

já faz muito que eu vi,

os olhos mais tristes do mundo

ao cruzarem com os meus,

suplicaram desejar,

que um poeta descrevesse,

a tristura desse olhar

na linguagem escrita,

sem distorcer sua expressão,

expressei sem exageros,

seu triste pedido então

era um pedido simples,

pessoal e apaixonado,

o guri dos olhos negros,

queria por mim ser amado

para falar ao guri,

triste e amargurado,

poetizei mais de mil linhas,

de nossos segredos guardados

falei-lhe um pouco de mim,

de meu solitário mundo,

de meus sonhos, de meus medos,

meus desejos mais profundos

disse-lhe que seus olhos negros,

quando depositados em mim,

estremeciam minha alma,

deixando-me frágil assim

foi o início de nossas obras,

nossos salmos,

nossos cânticos...

um passeio pelo espírito,

em versos latinos,

líricos, brancos...

Maira Knop
Enviado por Maira Knop em 20/05/2006
Reeditado em 28/05/2006
Código do texto: T159314