Às vezes
Às vezes
Meus sentimentos são como as ondas do mar
Que se arremessam com fúria contra as pedras
Em tardes de tempestades
Às vezes
Meus sentimentos são como o vento sul
Forte, insistente, persistente
E devastador
Às vezes
Meus sentimentos são como as galerias de esgoto
Mal cheiroso, enjoativo, desgastante
E neles me enojo, vomito
Às vezes
Meus sentimentos são como o sangue
Que me mantém vivo e não pode verter demais
Senão eu morro
Às vezes
Meus sentimentos são como o sol
Irradiam luzes, aquecem corações,
Germinam novos amores, doces encantos
Às vezes
Meus sentimentos são como as fogueiras
Em luaus de beira de barranco
Ilumina somente onde os meus olhos alcançam
Mas me basta é onde eu vivo um doce momento
Às vezes
Meus sentimentos se confundem como as águas de dois rios
Uma só água segue adiante,
É a vida que se mistura
Miscigena
Sublima
Reverte
Inverte
Mas nunca pára
Às vezes
Meus sentimentos são simples poesias
Escritas, pensadas, prensadas num canto da memória
Jogadas num caderno de páginas insensíveis
Arremessadas num teclado entorpecido
Guardadas em formol de bálsamo
Às vezes meus sentimentos são de saudade
De amar
De querer
De te abraçar
De te beijar
De conversar contigo
De sentir o teu perfume
De tocar a tua pele
De olhar em teus olhos
De viver outra vez