AUTOCRIAÇÃO
E germina o poema
nas entranhas do poeta,
de cujo domínio
desliza-se sutil,
livre e irreversível...
E rodopia-se o poema
no universo do poeta,
tal levíssimo bailarino
a desenhar rastros coloridos...
E o poema chora as lágrimas
que rouba do poeta,
pulsando em sentimentos
embalados na cadência dos seus versos...
E o poema concede asas
à alma que suga do poeta
e sai a voar...
Extrai melodias do silêncio...
esculpe sensações em formas belas...
encena vidas em palcos mágicos...
E o poema, enfim,
retorna ao seu abrigo acolhedor
e abdica de sua autocriação
em favor do poeta...