AUTOCRIAÇÃO

E germina o poema

nas entranhas do poeta,

de cujo domínio

desliza-se sutil,

livre e irreversível...

E rodopia-se o poema

no universo do poeta,

tal levíssimo bailarino

a desenhar rastros coloridos...

E o poema chora as lágrimas

que rouba do poeta,

pulsando em sentimentos

embalados na cadência dos seus versos...

E o poema concede asas

à alma que suga do poeta

e sai a voar...

Extrai melodias do silêncio...

esculpe sensações em formas belas...

encena vidas em palcos mágicos...

E o poema, enfim,

retorna ao seu abrigo acolhedor

e abdica de sua autocriação

em favor do poeta...

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 13/05/2009
Reeditado em 13/10/2010
Código do texto: T1592067
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