Tudo virou poesia

O violão me tocou,

e virei música,

e saí por aí,

penetrando,

desvirginando

embrutecidos sentidos.

E me tornei etéreo,

longínquo,

e ninguém mais

me ouve.

E a pintura pintou em mim;

E me mostrei figurativo,

mas ninguém viu.

E fui me tornando natureza morta,

até que cheguei ao abstrato,

muito próximo do nada

ou quem sabe, do tudo.

Então, conheci o Quintana

o Pessoa e o Drumond e

a poesia me inundou.

E mesmo que não me leiam

ou não me ouçam,

tudo virou poesia.

(luizpacheco)