Dia de Fúria
Acende a tocha.
Me arrebate a névoa.
Abro, então, as portas da percepção.
Vou do sisudo
ao infinito.
Me dispo do canônico
que nos cerca
e navego catatônico
no universo de ondas tortas.
Os que falam,
que me batem
e se calam.
Os que, de tudo,
são um pouco
nada levam sobre
a coroa de espinhos que carregam;
em cima da carne
seca e morta
desse universo -
pequeno mundinho
que nada produz,
senão mentiras.
Têm inveja por não ousarem.
Por não tentarem
viver como anseiam;
ser como são.
Têm medo de perderem
o caminho que é certo;
sair da constante
e medíocre vida.
Têm medo de andar,
querer um passo após o outro.
Em vez disso,
sentam-se Caóticos
nos tronos de fineza,
que constroem as máscaras que os vestem.
São medonhos e temerosos.
Estão aos pés de celuloses
que limpam meu rabo
fétido e malcomido.
Eu tô fudido e malpago;
estou à beira de um colapso.
Preciso ver de novo o sol,
que eu via quando mentia.
Mas não sei se devo retornar
ao que passou
e já não existe.
É melhor seguir andante.
O que quero é ver o Novo.
Por isso grito a quem
não vem.
Deixo a quem
me quer.
O ser humano é livre pra
se permitir e querer
ser o que vier.
Ora, o que vivo e escolho
é muito meu
pra ser de todos.