Silêncios< Angélica T. Almstadter & Maria Thereza Neves >

Silêncio

Angélica T. Almstadter

Um silêncio invadiu o ar

Silêncio total...não de sons

Não silêncio de ausência

Silêncio vazio de palavras

Silêncio gelado a respingar

Desmaiado de cores de tons

Silêncio de convivência

Um silêncio gritante

Uivando em meus corredores

Silvo insinuante

Rasgando minhas dores

Outra vez...silêncio...

Não era o silêncio da solidão

Era um silêncio novo

Que apertava o coração

Gemia e se contorcia

Estava instalado

O silêncio de afasia

Espalhado por todo lado

Calou a minha voz

Caminhou sereno

No meio de nós

Silêncio inteiro e pleno

Manso e até sensato

Silêncio anunciado

Previsto

Revisto

Silêncio sem aparato

Agonia

Embolia

Silêncio infernal

Silêncio letal...

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branco vazio silêncio

Maria Thereza Neves

perdi o encanto

em mil faces

no branco vazio silêncio

perdi letras

poemas

e cores.

perdi o encanto

em mil ecos

no branco vazio silêncio

perdi músicas

sons

e sonhos.

perdi o encanto

em mil vidas

no branco vazio silêncio

em chuvas que lavam ruas

arrastam memórias nuas,

cruas.

perdi o encanto

em mil lágrimas

no branco vazio silêncio

em gotas

que rolam almas.

perdi o encanto

em mil desencantos

no branco vazio silêncio.

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JF/MG-2003

(Direitos Reservados)

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Sem encanto

Angélica T. Almstadter

Sem encanto segue a vida

A alma chora sem compostura

Chôro sem censura

A dor que entra remida

Quase solene me lanço

Tecendo e sangrando

A dor que alcanço

Desabando...

Sem encanto

Meu corpo branco, brando

Deságua alvo pranto

Desencanto...

Silêncio branco

Dores duras...escuras

Amor sacrossanto

Lágrimas puras...

Deita-me mortalhas

Muito à carpir

Silêncios e falhas

Sem sorriso pra sorrir...

*****

Silêncio !

Maria Thereza Neves

Silêncio !

Não creio mais na história

no tempo

na memória

quieta

parada dentro de mim

pensamentos errantes

emoções confusas

buscando sonhos

sonhos doloridos

recordações

apegos que agitam

inércia

serena

pacífica

pureza em movimentos suaves

caminho do eterno

que se arrasta numa corrente

em ondas

existência, vida, natureza

consciente da consciência

observando instantes

profundo eu

fecundando nova alma

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Silêncio...

Angélica T. Almstadter

Silêncio aflito

Refletido nas paredes

Escorrendo em desafio

Contrito...

Silêncio nos murais

Crepitando nos castiçais

Em febre adunca

Reclusa...confusa

Silêncio marginal

Real ...total

Doendo nas vértebras

Sem quebras...

Silêncio profundo

Navalha de corte

Margulho fundo

No vazio de morte

Silêncio encantado

Pontilhado

Bendito e abençoado

Humilhado

********

O Teu Silêncio !

Maria Thereza Neves

Tua voz some .

Teu silêncio cresce .

Restam murmúrios de ausências

dos ventos

das ondas do mar.

Ironia do universo que flutua

fala

grita

e não cala!

***

O meu silêncio

Angélica T. Almstadter

Meu silêncio cresce

Anoitece

Em prece

Esvanesce

Silêncio de sentir

Ferir

Florir

Explodir

Meu silêncio grita

Medita

Acredita

Explicíta

Meu silêncio sai de cena

Condena

Serena

Dá pena...

Não acorde meu silêncio

Ele quer dormir

Mitigar

Digerir

Sangrar

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Que o silêncio não doa

Maria Thereza Neves

Que o silêncio não doa

magoe

finde sonhos

Que imagens

não se percam

apaguem!

Que meus poemas guardem lembranças

saudades

esperanças

expressando puro sentimento

energia vibrante

cheiros ,odores, flores

sabores

colhendo conchas

bebendo estrelas

nadando luas

voando ventos

doçura celeste

dissolvendo sorrisos

existindo em si por si

leveza suave nas asas ,

dos sonhos,

do adeus.

*****

Silêncio bardos

Angélica T. Almstadter

Lava meus olhos baços

Enfeita-me a face triste

O que persiste

Em se fazer em pedaços

Não colhi as flores

Não abraçei as poesias

Que pendia dos amores

Em gotas frias

Lavei em perfumes

Os olhares perdidos

Nas noites dos ciúmes

Pra fazerem esquecidos

Os silêncios bardos

Que brilham nos versos

Tantos e tão pardos

Pobres...dispersos

Agonizam cansados

Estilhaçados...

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Ecos do Silêncio !

Maria Thereza Neves

Muito além das nuvens

muito além do tempo

muito além do hoje!

Os ecos do passado, calaram

fu-ra-ram montanhas, rochas

ul tra pas sa ram fronteiras

não deixaram, registraram palavras

marcas,sinais.

Sumiram.

Não ouço mais nada!

Neste silêncio cego, mudo

caminho por novos horizontes

ao som da música

Muito além das nuvens

muito além do hoje

muito além dos Ecos do Silêncio !

Maria Thereza Neves
Enviado por Maria Thereza Neves em 19/05/2006
Reeditado em 19/05/2006
Código do texto: T159022