Magia com areia

Ela enche os olhos de areia quando o vê,

porque o mal escorre,

pula, rápido,

pelas janelas da alma.

Ela lava a boca antes de mencionar seu nome;

esfrega cada vestígio de desejo;

pacientemente,

enxuga a vontade,

pois o mal espreita pela memória doce-azeda-amarga,

transmudando bactérias

em colônias de lembranças.

E educa os ouvidos: que só escutem "Não!",

pois o mal se exprime em suave cantilena

de ritmo milenar...

Ela nada mais sabe de seu gosto,

seu formato,

seus desgostos;

seu retrato, aos poucos, se consome

em tinta vil...

porque o mal se traveste no vírus da necessidade, o mistério anunciado.

Os olhos (ferventes) fazem da areia vidro blindado

e ela roga à areia

(da grossa e da fina):

"Areia, me ajude a romper minha sina!"

Gina Girão
Enviado por Gina Girão em 11/05/2009
Reeditado em 15/05/2012
Código do texto: T1588392
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