Magia com areia
Ela enche os olhos de areia quando o vê,
porque o mal escorre,
pula, rápido,
pelas janelas da alma.
Ela lava a boca antes de mencionar seu nome;
esfrega cada vestígio de desejo;
pacientemente,
enxuga a vontade,
pois o mal espreita pela memória doce-azeda-amarga,
transmudando bactérias
em colônias de lembranças.
E educa os ouvidos: que só escutem "Não!",
pois o mal se exprime em suave cantilena
de ritmo milenar...
Ela nada mais sabe de seu gosto,
seu formato,
seus desgostos;
seu retrato, aos poucos, se consome
em tinta vil...
porque o mal se traveste no vírus da necessidade, o mistério anunciado.
Os olhos (ferventes) fazem da areia vidro blindado
e ela roga à areia
(da grossa e da fina):
"Areia, me ajude a romper minha sina!"