Id


De onde sairão os pensamentos fortes
Que vencerão as mortes além da lousa fria
Se as luas derrubadas nas montanhas
Não mais terão o encanto
Da perene luz vadia.

Dos velhos lobos que uivavam nas campinas
Já não resssoam mais as vozes estranhas
Das formas tamanhas e espectrais
Os muitos barcos no cais
Restarão apenas sombras inofensivas
E a lembrança enevoada das gradivas
Fenecerá com seu último espanto.

Se não chega para tanto, a primavera desistiu, talvez...
Entre os absurdos e as auroras existiria um mundo, ou sonhei?

Se não há lei que torne a realidade menos cruel
Desisto de esperar, deponho a pena.

Deuses dos desertos visitados
Falam dos pecados e fujo em pânico.

Sem céu a clarear-me a nova estrada
A equivocada estrela no horizonte
Some sem que aponte campos verdes ou florestas
E as pequenas flores da giestas caem ao chão sem sentido
Sem mesmo aspirar-lhes o perfume
Qualquer criatura mais sensível.

Debruço-me sobre o precipício das vaidades
E a vertigem atinge onde me alcança
Perdeu-se uma criança que já não tinha medo.

E a experiência de morrer apenas começou.



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