Cala a boca
Cala a boca
Cala a boca
Dá um beijo
Não é nada
Só desejo
Não é verso
Não tem nome
É só carne
É só fome
É só língua
Que te lambe
Puro pulso
Força e sangue
Finda o tempo
Para a hora
Toda história
Jaz lá fora
Mesmo o amor
O tão complexo
Hiberna agora
Somos sexo
E se desintegra
A Razão
No vão das veias
Do coração
Hora boa
De esquecermos
Quem já fomos
Ou seremos
Deligamos
Nossos laços
Nos perdemos
Entre abraços
Os meus dedos
Nos seus pêlos
Dão-me o toque
Mais perfeito
Linguajares
Menos sábios
Colhem gozos
Entre os lábios
Minha língua
Segue a trilha
Reta e plana
Da virilha
Que serei
Que seremos
Como nos
Olharemos?
O que mais
Nos incita
Que essa coisa
Interdita?
A percorro
Infinita
Sem maldade
Mas maldita
Quando ditas
Entre as pernas
As palavras
São eternas
Lá se perdem
Fundem, fendem
E por fim
Se arrependem
(Djalma Silveira)