Engole

Põe tudo num copo,

Todas as tuas convicções;

Engole tudo logo:

Mais um prólogo de invenções.

Engole tua pose,

Tua postura, teu remédio,

Teu bravejo como se fosse

O esboço do teu tédio.

A mágoa, o amor, o pranto,

A orgia dos lábios também;

Tua tortura de querer tanto

Findar o meu amém.

Prende as tuas garras,

Morde teu infame lábio,

Sangra as tuas amarras

E malogra o nosso adágio.

Engole, mastiga;

Engole implicitamente;

Dilacera e instiga;

Engole-te imediatamente!

Bento Verissimo
Enviado por Bento Verissimo em 10/05/2009
Código do texto: T1585643
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