CONSCIÊNCIA DO CAOS - Lia Lúcia de Sá Leitão

CONSCIÊNCIA DO CAOS

Lia Lúcia de Sá Leitão

Olhando para a vida sem sal que muita gente sempre comenta pelos bancos das praças, comecei a analisar onde foi que eu também errei!

Onde eu permiti a saudade doer mais que a crença na esperança em um novo amor.

Por que deixei acontecer tantos estragos na alma ao longo dos anos

e uma imensa tristeza não ter a resposta concreta

por essa exposição de sentimento é muito mais cruel que a própria ausência do objeto de desejo.

Como pode?

Deixar o amor azedar, encher-se de mofos,

e assistir aos fantasmas medonhos, dançando,

a dança dos bruxos,

assombrando

as fotografias,

os papéis,

o tempo

as lembranças,

mordaças na boca abafando o grito!

Por que essa sólida solidão marmórea de mim para mim?

Não quero falar apenas das noites dormidas em preto e branco.

Sempre quis o sonho

O qual compensa a ausência

Com uma Lua em nesga insistindo em brincar com os pirilampos.

Por que esquecer de lembrar do sorriso?

Quando ficou a pétala da rosa guardada dentro do livro.

Por que chorar o adeus?

Quando ainda se tem o saquinho de pipocas do último passeio ao parque.

Por que o último aceno?

Quando a certeza do reencontro anima alma

e a doce sensação do beijo roubado ainda adoça a boca que cala o mais silencioso segredo da ilusão de ainda possuí-lo nu e por inteiro em mim.

Lia Lúcia de Sá Leitão
Enviado por Lia Lúcia de Sá Leitão em 09/05/2009
Código do texto: T1584755
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