CONSCIÊNCIA DO CAOS - Lia Lúcia de Sá Leitão
CONSCIÊNCIA DO CAOS
Lia Lúcia de Sá Leitão
Olhando para a vida sem sal que muita gente sempre comenta pelos bancos das praças, comecei a analisar onde foi que eu também errei!
Onde eu permiti a saudade doer mais que a crença na esperança em um novo amor.
Por que deixei acontecer tantos estragos na alma ao longo dos anos
e uma imensa tristeza não ter a resposta concreta
por essa exposição de sentimento é muito mais cruel que a própria ausência do objeto de desejo.
Como pode?
Deixar o amor azedar, encher-se de mofos,
e assistir aos fantasmas medonhos, dançando,
a dança dos bruxos,
assombrando
as fotografias,
os papéis,
o tempo
as lembranças,
mordaças na boca abafando o grito!
Por que essa sólida solidão marmórea de mim para mim?
Não quero falar apenas das noites dormidas em preto e branco.
Sempre quis o sonho
O qual compensa a ausência
Com uma Lua em nesga insistindo em brincar com os pirilampos.
Por que esquecer de lembrar do sorriso?
Quando ficou a pétala da rosa guardada dentro do livro.
Por que chorar o adeus?
Quando ainda se tem o saquinho de pipocas do último passeio ao parque.
Por que o último aceno?
Quando a certeza do reencontro anima alma
e a doce sensação do beijo roubado ainda adoça a boca que cala o mais silencioso segredo da ilusão de ainda possuí-lo nu e por inteiro em mim.