O Miradouro da Lua II

O Miradouro da Lua II

No entardecer, caiu lentamente,

A bola de fogo, fluorescente,

Invadiu de cores a minha mente.

O ar quente, e o cheiro à imensidão do espaço,

Lembrou-me a paisagem da Lua,

O húmido do teu beijo,

Que ganhei num abraço.

O vermelho astro veio arrebatar-me a alma,

E trazer paz ao corpo,

E uma sensação de calma,

Num gesto precioso onde me deixo levar,

Olhando o lençol do céu, caído sobre o mar.

Afinal, foi aqui que caiu o futuro,

Portas meias com a miséria,

Escondida entre trapos,

E o sorriso de crianças vendo felicidade,

Por entre seu barraco escuro.

A Lua, sempre a Lua como companhia,

A dar um pouco de luz,

Numa vida sombria!

Os recortes da falésia,

Pintados no multicor do saibro,

Fizeram o quadro do Miradouro da Lua…

Tomara que ficasses assim despida,

Estendida, nua, como o barro,

Espreguiçado sobre a praia,

Ali, fitando-me sobre o branco dos meus lençóis,

Sobre o meu mar, colorido com meus poemas,

Onde largo os meus anzóis!

Poema sobre o Miradouro da Lua – Luanda

Nenúfar 1/5/2009