O Laço

O Laço

Sabes, nunca soube onde me perdi,

Talvez noutro mundo,

Em outra dimensão,

Onde outrora vivi.

Trago as marcas do ferro quente,

Que me feriram a alma,

E a carne, com uma dor que já não sente.

Fui a testemunha silenciosa,

No calor da tarde, onde fingi viver,

Por entre o silêncio que me consome,

E tudo é pó, tudo é surdo, e veio o anoitecer.

Senti os golpes que me atiraste, sem perceber,

Nada faz sentido, nem o dia nem o escurecer,

Nem este contraste do meu querer,

Que escolhe a vida, e de seguida me vejo desfalecer.

Não sou a estrela da sorte,

Não sou a estrada, nem a sombra,

Nem o Sol, nem o vento norte,

Não fui a vida, nem a escuridão,

Não sou, o que dita a linha da minha mão.

Só sou o engano frio,

O olhar sem cor e perdido,

Onde lavo o sal que me conforta,

Da armadilha,

Do laço que me cerca,

E vai apertando à minha volta.

Nenúfar 9/5/2009