MEDO INFINITESIMAL I
me soterro numa solidão soturna
os meus medos entrego a última galáxia
– nunca mais fui o mesmo
depois que conheci o cálculo infinitesimal
e li O mundo como vontade e representação –
e o que devo fazer com os medos?
faço dos meus medos meus trunfos
erro na tentativa de acertar
onde está o puro da maçã?
me mostrem por favor
não me escondam tudo
deixe que eu penetre na verdade
– bela verdade que naufraga
entre os cânticos angélicos
de um pesadelo somente meu –
os meus medos vivem em mim
essa dor que me aflige
dor intensa e lancinante
não consola a minha imaginação
nem os suspiros que povoam
a minha mente no hiperespaço
em busca de provar para mim mesmo
a suficiência de um medo imagético
não busco na matemática
uma saída para estes medos
busco nela a perfeição
– que coisa mais tola
nem mesmo eu consigo
imaginar o que seja perfeito –
e o medo?
o medo se esconde entre labirintos
e me deixa atordoado como agora
me jogo nas coisas como um louco
na busca de na leitura esquecer o leitor
o medo... o m e d o... ohhhhhhhh...
deixem que eu me esconda
na sinestesia de um suculento copo de vinho.