Essência

O mundo sempre dá voltas

e se aquece no Sol

e se banha de Lua.

Tecemos porque chove,

porque tem brisa,

porque é outono,

porque faz frio.

A pele sempre arrepia

mas o coração pulsa quente.

E as letras, nem sempre comportadas,

seguem as vias do riso.

Algumas vezes seguem o pranto

e noutras, realizam caprichos.

E é sempre assim que um poeta age:

permite que a alma fale,

cerra os lábios para que a boca não fale

e no olhar, libera o grito.

Ora, ora, mas que incoerência!

O poema mesmo assim se desnuda

e os verbos aflitos se encaixam

num jogo de amor e textura.

E o poeta então se verga

e tece poemas ao mundo.

No mundo que sempre dá voltas,

o Poeta reúne suas letras.

Seu poema depoimento

acompanha o trajeto dos cosmos

e purificando-se nas águas

desvenda a essência do mundo.