CARALHO! ( Perdoem-me...)
E de repente a indignação é tanta,
a raiva é tanta,
o espanto é tanto,
diante do estado funéreo das coisas,
da hipocrisia reinante,
do politicamente correto,
da mentira galopante,
da violência ascendente,
da falta de vergonha absurda,
da crueldade gritante,
da disparidade,
da falcatrua,
da indecência reinante,
da corrupção institucionalizada,
que não resta outra coisa
a ser dita,
a não ser essa palavra maldita,
com cheiro de esgoto,
jeito de perdigoto
cuspido de uma boca
infeccionada de gengivite,
essa palavra crua,
essa palavra nua,
indecorosa,
imunda,
insana,
deselegante,
estúpida,
torpe,
escatológica,
essa palavra
pá de cal
e veneno:
caralho!
E dizer isso assim
parece,
insinua,
algum tipo de
libertação.