O que aprendi com as flores

O que aprendi com as flores

Não é só na florada

Que se cuida do jardim.

Como olhar os galhos secos

E amá-los mesmo assim?

Como as estações,

Toda vida tem invernos.

Eles passam... e, só então,

Por um tempo, não reclamamos.

Pois só vivemos entre extremos

Inventando céus depois de infernos.

A noite só não desespera

Dada a certeza do dia que a sucede.

Mas, como a noite sem saber do dia

E como o dia sem saber da noite?

Assim são a vida, a fé e o futuro:

Uma reflexão indispensável.

Pois, assim como a possibilidade

Depende da contestação do Impossível,

A crença na impossibilidade

É um alijar-se voluntariamente.

Como prevemos o fruto

Ao olharmos na semente,

E mesmo o que sabemos ser incerto

Cremos ser provável?

Assim também é o futuro

Para quem sofre por sua crença.

É muito fácil suspirar

Ao vislumbrar-se lindas flores!

Primaveras, invernos, tempestades de amores...

Investir, apesar do temor de errar.

Só haverá certeza para quem acreditar.

Não há como caminhar sem tropeçar em nada!

Hei de me podar, na hora apropriada,

Até que floresça a beleza contida em mim.

Não é só na florada

Que se cuida do jardim.

(Djalma Silveira)