NUVEM

Ora engolfa-me

um desejo de ser nuvem

Sobre essa barbárie

Suavemente passar

Ir deslizando

Como bicho - preguiça no tronco

Como o cisne no lago

Como no vôo da bolinha de sabão

Sabe aquela flor, dente-de-leão?

Essa mesma,

ir passando indiferente, tão ausente

Sentir a suavidade nas asas da paz

E seu inconfundível sabor de mel

Ser nuvem

Ir deixando tudo

Relógios tão enfáticos

Buzinas, tiros, o frenesi dos encontrões

Logo ali um chafariz de sangue

Ir saindo, sempre com mui suavidade

Chocar-se com doçura

Na companheira à frente

Ser pra ela flor, colibri, coração

Ou um desajeitado elefante brincalhão

Depois do por do sol

Ser arrebol

Enamorar-se

da nuvenzinha rosicler

lá em cima, bem distante da “guerra”

ser mesmo o que bem quiser.

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Davi Cartes Alves
Enviado por Davi Cartes Alves em 04/05/2009
Reeditado em 06/05/2009
Código do texto: T1574979
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