NUVEM
Ora engolfa-me
um desejo de ser nuvem
Sobre essa barbárie
Suavemente passar
Ir deslizando
Como bicho - preguiça no tronco
Como o cisne no lago
Como no vôo da bolinha de sabão
Sabe aquela flor, dente-de-leão?
Essa mesma,
ir passando indiferente, tão ausente
Sentir a suavidade nas asas da paz
E seu inconfundível sabor de mel
Ser nuvem
Ir deixando tudo
Relógios tão enfáticos
Buzinas, tiros, o frenesi dos encontrões
Logo ali um chafariz de sangue
Ir saindo, sempre com mui suavidade
Chocar-se com doçura
Na companheira à frente
Ser pra ela flor, colibri, coração
Ou um desajeitado elefante brincalhão
Depois do por do sol
Ser arrebol
Enamorar-se
da nuvenzinha rosicler
lá em cima, bem distante da “guerra”
ser mesmo o que bem quiser.
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