HIMENEU

HIMENEU

“... Porque eles entenderam que tudo, tudo,

Desde o mais prestes ao mais remoto,

Desde o acessível ao buscar por um gesto

Ao insondável a nós que há no Cosmos,

Tudo, afinal, procura por uma conjunção;

Porque eles se aperceberam de suas naturezas

Homem-mulher, dualidade magnífica

Como o Criador engendra o encontro,

Apoteose fortunosa de toda procura

Do sumário para o decurso que há na vida,

E viram-se talhados estatuetas do mesmo bloco

De marfim, com um desígnio em comum

E almas já predestinadas;

Porque eles souberam, num lampejo definitivo

De lucidez e intuição, que já se conheciam

Desde o primeiro olvidado sonho

Ou anteriormente a qualquer sonho ou anelo,

E que os seus suspiros já tinham sincronia

E que os seus passos já estavam confundidos

Como dois rios que formam um novo rio;

Porque eles puderam ver que o amor

Já fizera a sua galante magia

E que a ausência se tornara alentosa

E a presença, prenhe de calores existenciais;

Porque plexo, nexo e sexo não são rimas verbais,

Mas ritmos do cotidiano ou tempos de um sem-fim;

Porque o nexo contraponteia com o sem-nexo

E é uma loucura “non-sense” a contradança

Do sexo no complexo de um-dois seres;

E porque eles compreenderam, a partir de miríades

De fusões do diverso que volve a universo,

Que sempre foi assim e para sempre,

E que só lhes cumpria cumprir, como se vive a viver,

Deram-se as mãos e os corações, invocaram bênçãos

E anunciaram o seu perene modo de amar.”

28.09.1997