DOR DE UM FILHO
Ar quente da tarde
envolve corpos e mentes
entre esquecimentos e dor
ares de quem está alheia
à própria existência.
Há sofrimento dos entes queridos
visitantes do coração frio
de pais e mães senis, distantes
da própria vida sem rumo.
Como saber o que pensam
entender o que desejam
em que época estão
com quem falam...
Quanta beleza perdida
força vital se dizimando lentamente,
não sou mais filho.
Um estranho perdido
num universo mental envelhecido
pela doença maldita.
Nada há para fazer.
Só a espera,
a dor, saudade,
a lembrança do amor
revolta contida
lágrimas recolhidas na alma
sufocadas no coração!
O mal que domina o cérebro é atroz.
Impede os sentimentos
as lembranças recentes
aliena o olhar que
vê o nada.
Movimentos lentos, involuntários
sem direção ou ação,
gritos viscerais, ancestrais.
A alma pede socorro...
Agressividade aguçada
sem motivo aparente.
Presente de Deus o esquecimento...
Castigo para os filhos
que nada compreendem
apenas a dor persistente...
Ligi@Tomarchio®