TENTATIVA
Ah, tanto me disseram:
"A vida é grande comédia,
palco de representação real
num jogo humano e fatal.
Zombamos até das tragédias,
pois ela é uma tragi-comédia,
e você precisa se acostumar."
...
Então, eu me vesti de palhaço,
tentando derreter o frágil aço -
a liga/leve - da qual sou feita.
Amoldar-me, seguir compasso,
acompanhar o coletivo passo,
mas, sou bastante imperfeita.
...
Se acerto a entrada/erro na saída,
perco os tempos/e erro a medida,
esqueço as falas frente ao espanto,
tropeçando em tanto desencanto!
O meu espírito - antigo - não aceita
os modernos arranjos-desarranjos.
Devo ser de outra era/outra seita.
...
De repente, uma lágrima me cai -
vexame - no meio da alegre cena!
...
Num exame onde eu assisto a vida
vejo, no fim, que o palco me rejeita.
Culpa minha se meu peito ainda arde
quando, lentamente, retiro o disfarce
e, da fantasia, vou desatando cada nó.
Tristemente, apago a luz - e sigo só...
Silvia Regina Costa Lima
2 de maio de 2009
Só poesia