C R U É L




 
O louva a Deus se ajoelha
e despedaça o grilo sem perguntar,
se a canção que ele cantava
era serenata ou canção de ninar. 


 
Distante alguém explode uma bomba
e a destruição e´ bem maior,
Esse Deus, esse dono do mundo
não perguntou, se havia um plano melhor.


 
Num vôo rasante o gavião alcança
e liquida uma pomba, símbolo da paz,
no ninho, divide pedaços com seu filhote
e diz:  Viu?   É assim que se faz.

 

Na rua eu passo por um menino sujo
que meio descoberto dorme na calçada,
e eu cidadão perfumado, vou em frente,
tanta coisa para fazer, eu não vi nada.

 

É primavera na minha mansão
e no jardim tudo está pronto para ele florir;
formigas cortadeiras destroem um botão
de rosa, que ainda ia se abrir. 



Da natureza violenta,
da violência da humanidade,
eu faço uma poesia
que espalho pela cidade.