KOANS

Se eu amei

com intensa devoção,

e fui fiel

de corpo, alma e coração,

diga-me então, ó Deus,

por que permitiste

que tantos demônios

derrubassem meus portais

e destruíssem meu jardim?

E por que deixaste

que eles açoitassem

assim minha alma,

e nem te importas

se fantasmas,

ainda hoje,

assombram meus sonhos

e permeiam os meus dias?

E me envenenam com hálito fétido,

e me atormentam

com gargalhadas e deboches?

Por que permites

que eu os veja,

sempre e sempre,

no fundo dos olhos

de quem eu tanto amei?

Diga-me, ó Deus,

é este o preço por amar sinceramente?

É este o prêmio, morrer mil vezes por dia

de uma amargura inclemente?

Já sei que não terei respostas.

Estas perguntas se juntarão

às outras tantas que,

também sem respostas,

se tornaram

tormentosos koans.

Luna de Gibraltar
Enviado por Luna de Gibraltar em 30/04/2009
Código do texto: T1567974
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