KOANS
Se eu amei
com intensa devoção,
e fui fiel
de corpo, alma e coração,
diga-me então, ó Deus,
por que permitiste
que tantos demônios
derrubassem meus portais
e destruíssem meu jardim?
E por que deixaste
que eles açoitassem
assim minha alma,
e nem te importas
se fantasmas,
ainda hoje,
assombram meus sonhos
e permeiam os meus dias?
E me envenenam com hálito fétido,
e me atormentam
com gargalhadas e deboches?
Por que permites
que eu os veja,
sempre e sempre,
no fundo dos olhos
de quem eu tanto amei?
Diga-me, ó Deus,
é este o preço por amar sinceramente?
É este o prêmio, morrer mil vezes por dia
de uma amargura inclemente?
Já sei que não terei respostas.
Estas perguntas se juntarão
às outras tantas que,
também sem respostas,
se tornaram
tormentosos koans.