Cada qual
Cada qual
Maria da Graça Almeida
Cada qual com os seus olhos,
cada qual com sua dor,
cada qual com seus restolhos
e os retalhos de um amor.
Cada qual tem o seu jeito,
cada qual os seus anseios.
De empanar os seus defeitos,
cada qual arranja um meio.
Há o branco, o amarelo,
há o negro, o pobre, o rico,
neste mundo o feio, o belo,
todos correm os seus riscos.
O que vale é o de dentro,
seja lá qual for a cor,
não se gabe se seu centro
provocar só dissabor.
Cada qual com as virtudes
cada qual com seus delírios,
tudo traz inquietude,
a ventura, o martírio...
Não importa de onde vem,
não importa o que tem,
mesmo nunca sendo iguais,
todos nós somos mortais.