Minha mãe é a placenta inchada
feito lua escondida
porque, por que
há o trabalho de sol a sol
há o sol
varrem ecos as multidões
para outro o lugar
que não este .
Meu pai
é o esperma
espremido nos muitos
e tão poucos
ônibus , trens , calçadas
Eles também o são
o não salário uma vez e
outra o pouco
que
driblam na produção
fantasmas
do desemprego
o sub -emprego
é empregado
e pregado ( ais )
de sol a lua e chuva
e vento e frio
Meus irmãos
são dedos
têm famintas mãos
e tateiam
os vidros das confeitarias,
confetes do carnaval da infância,
e desejam tocar no açúcar ,
sugar o doce
açucarado
que derrete aos gritos
donatários dos Donos das Notas
em notas nas caixas que tilintam
doces amarguras para eles :
Oras, f, f, f , foora, ruaaaa !
Meu eu
partilha
alguns cantos quentes
de sóbrios lares
mas Péra aí , se
eu pular
este colchete
este muro
esta ponte
esta porta
( que aprendi
dever ou poder ( imperativo )
mais que um roubo
terei não mãe , pai , irmãos,
estatais prisões
mas
o roupão,
o pão
PS : desculpa se não te acaricio, é que tô de fome
e tem só um vidro na minha frente, ........
publicado in www.carmenfossari-armazemdapalavra.blospot.com 2007.