FRUTOROVSKA NA BEIRA DO MAR

Ah! moreninha retada

minha neguinha danada

como eu te gosto, nega.

Adoro quando você chega

se enrosca igual um novelo

e me dá um cheiro no cangote.

Fico todo arrepiado !

Vou te falar uma coisa, meu doce

nossa vida até que parece

um romance de Jorge Amado.

É claro que eu te gosto nua

quando a gente se trança na cama

Mas você não é mulé de rua

Que os “home” faz, mas não ama.

Você não, minha pretinha!

Eu te gosto,

eu te quero só minha.

Te juro por todos os santos

- eu nem devia falar isso,

mas quando eu tô sem você

procuro por todos os cantos

querendo voltar a te vê.

Eu nem te contei, minha deusa

que eu fui, outro dia, na igreja.

Rezei ajoelhado no altar

e pedi prá o Senhor do Bonfim

que se um dia você me deixar

ele encomende logo meu fim.

Sem você eu não quero ficar.

Lembra, quando você foi prô Remanso

visitar aqueles seus “parente”?

Os dias “passava tão manso”

que cheguei a ficar doente.

Parecia que tinha banzo.

Morena, eu gosto tanto

quando nós vamos no Abaeté.

Duvido quem tem mais encanto

se é a lagoa encantada

ou se é minha linda “mulé”.

Quando você deita na areia fina

sensual, mas parecendo menina

fica igualzinha a uma sereia

- linda como Iemanjá.

Descubro então minha sina:

eu vou morrer de te amar.

Tive um sonho outro dia

que num outro mundo eu morria.

Era um mundo de deuses alados

e nós dois dormindo calados

E só acordamos na Bahia.

Será que a gente já se conhecia ?

Era uma sexta-feira num fim-de-tarde característico de Salvador – brisa, cheiro de mar, música alegre -com o sol dando boa-noite à lua.

Os dois conversaram pela noite a dentro, numa barraca de praia em Lauro de Freitas, bebendo frutorovska, sorrindo, contando histórias, se abraçando e dando cada beijo de fazer inveja a Gabriela de Jorge Amado. Foi bom demais!