O POETA EMPOEIRADO
José Walter BRios
O poeta empoeirado traçou sua arte.
Falou direito, falou direto sobre o mundo dos erros,
Varreu o lixo dos luxos, fez sua parte...
Calou a voz dos bruxos e do povo a ferros,
Pela força da língua, pela chama da ideia;
Pensa que pode, que morde a mordaça.
A força que prende a lã e o lobo na alcateia
Prende a visão através do vidro e da vidraça.
O poeta põe o texto, impõe a língua e a voz!
A vez e a luz, e pune os homens com a cruz.
A poeira do poeta fala de si, esnoba a língua.
Tu és um nobre da língua, meu caro poeta empoeirado?
Ou esmolas com as migalhas das falas a quem conduz?
Se tu impões o teu reinado,
Além reino,
Quem ficará calado?