Abstinência
Sou uma “porra-louca sentimental”
Que anda consumindo drogas
E confesso, viciando-me
Hoje tive uma louca crise de abstinência
Via-te em todos os lugares
Na gola de minha blusa
Na ponta da minha cama
Atravessando a porta do meu quarto
Li-te em Nietzsche e Santo Agostinho
Ouvi-te em Ravel e Caetano Veloso
Apreciei-te em Bruegel e Yoko Ono
Saciei-te com a brisa fria que tocava meu rosto
Mas ao passo que diminuía minha loucura
Via que tudo passara de alucinações
Então me desesperei
E te amaldiçoei pedindo perdão aos céus
Agora rogo a você:
Por piedade!
Longas doses diárias
De carícias plenas
E beijos quentes por todo meu corpo
Até que eu me embriague
E possa esperar a próxima dose