Poesia de Bolso 27 ( Que mistérios tem Clarice? )
Quando Clarice morreu
Era sei lá qual o dia
De um ano que já nem lembro...
Ainda não lera os seus livros,
A dor veio muito depois...
Era uma dor de saudades
De alguém que eu não conhecera,
Por quem não verti uma lágrima,
De quem não sabia as maneiras...
Quando Clarice morreu
Se não choveu, deveria
Prá que se apressasse a partida
Que nos apequena e angustia
E mais fermenta lembranças antigas
O tênue fio do cordão partido
Nos devolve à vida sem nenhum preparo
Caminhamos meio que cegos
Tropeçando em entrelinhas de ausências...
E hoje, ainda hoje, agora mesmo
Com tantos anos de Clarice morta
A lágrima que me arde a vista
É mais que sal: é Água Viva!