CONTRACEPTIVO

Passaram a prevenir sonhos

Para não contraírem ilusões

Tornaram a vida em um frio látex

Expurgaram as loucuras

Censuraram a liberdade

Assepsias das noites fizeram o calor extinguir

Da razão o amor não se escolheu

Regras absurdas inventaram

Os amigos afastaram, os amantes taxaram

E destruíram as chances das flores

Cortaram do templo a árvore que sombreava

E que trazia no tronco histórias não contadas

A paz tornaram um desejo

A vida um fúnebre cortejo

E neste louco ensejo

Fizeram do ódio um caminho

Da tristeza reta traçaram e sina a tornaram

Não mais se reproduz sentimentos

Os dias são sentenças, o tempo tormento

Nessa via-crúcis vamos seguir

O fluxo anti-séptico dos desiludidos

Quero um rivotril tomar

Para apenas um segundo na beleza dos espinhos acreditar

De fluoxetina não da para ser

Do condon não quero valer

Não quero evitar, preciso viver

Deborah Mahara
Enviado por Deborah Mahara em 25/04/2009
Código do texto: T1558686
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